Em instalações de cabeamento estruturado (por exemplo cabos tipo CAT5e, CAT6, CAT6A), um dos fatores determinantes para desempenho, confiabilidade e compatibilidade futura é o material condutor utilizado no cabo. Dois tipos muito encontrados no mercado são: cabos com condutor em cobre puro (100 % cobre, ou “solid copper”) e cabos com condutor em alumínio revestido de cobre (CCA: núcleo de alumínio, com camada fina de cobre). Cada material apresenta vantagens e desvantagens — entender essas diferenças permite tomar decisões mais seguras para redes que exigem qualidade, estabilidade, longevidade ou uso de PoE (Power over Ethernet).
Cobre puro
Cabos com condutores em cobre puro (geralmente cobre eletrolítico com pureza elevada) oferecem alta condutividade elétrica, boa resistência mecânica e excelente confiabilidade ao longo do tempo. A condutividade elevada ajuda a minimizar a resistência do cabo, reduzir perdas por atenuação, manter integridade de sinal em comprimentos maiores e permitir melhor desempenho em aplicações que exigem alta largura de banda ou uso de PoE. Além disso, cobre tem boa ductilidade, suporta tração, curvaturas e instalações mais exigentes, e resiste melhor à oxidação comparado ao alumínio. Por essas razões, muitos padrões de cabeamento estruturado especificam condutores sólidos ou trançados de cobre.
Alumínio cobreado (CCA)
O tipo de cabo CCA utiliza um núcleo de alumínio, revestido externamente por uma fina camada de cobre (para dar aparência de “cobre” e permitir fixações/crimpagens convencionais). O principal atrativo é custo mais baixo e menor peso. Porém, esse custo reduzido traz compromissos importantes no desempenho. Entre as principais deficiências: condutividade menor (maior resistência elétrica), maior atenuação do sinal, menor robustez mecânica (o alumínio é menos resistente a tensão, flexão, etc.), maior sensibilidade à oxidação ou falhas no contato e limitação para aplicações de PoE ou longas distâncias. Ainda mais: muitos cabos CCA não atendem os requisitos de desempenho ou os padrões para cabeamento estruturado (por exemplo TIA/IEC).
Diferenças chave: impacto na prática
Aqui as diferenças práticas que você poderá destacar:
- Resistência elétrica / condutividade: Como o alumínio tem menor condutividade que o cobre, para o mesmo diâmetro de condutor o cabo CCA terá uma resistência maior, o que significa maior queda de tensão, mais geração de calor e maior atenuação de sinal com o comprimento. Por exemplo, um documento refere que “resistividade do alumínio é ~2,82×10-8 Ω·m” versus cobre “~1,72×10-8 Ω·m”.
- Atenuação e alcance: Cabos com CCA tendem a apresentar maior atenuação — ou seja, quanto maior o comprimento da instalação, mais degradação de sinal e mais possibilidade de perda de desempenho.
- Aplicações com PoE / corrente elétrica: Em instalações que alimentam dispositivos pela rede (PoE), o condutor com maior resistência (CCA) significa maior queda de tensão, aquecimento maior, menor margem de proteção e menor capacidade de carga segura. Por isso, muitos fabricantes e analistas desaconselham o uso de CCA em PoE.
- Robustez mecânica e durabilidade: O cobre puro tem melhor performance frente a puxamentos, dobras, tensões de instalação, além de melhor comportamento em contato com terminais e menor risco de falha por fadiga ou oxidação. O alumínio (núcleo do CCA) é mais suscetível a quebras, oxidação e falhas de contato ao longo do tempo.
- Conformidade com padrões & certificações: Muitos padrões exigem condutores de cobre (sólido ou trançado) para garantir desempenho declarado. Cabos CCA muitas vezes não atendem essas exigências e portanto podem não ser “certificados” para instalação estruturada profissional.
- Custo vs. desempenho: Embora o custo inicial de cabos CCA seja menor, a economia pode se perder ao longo da vida útil devido a falhas, necessidade de manutenção, limitações de desempenho ou incompatibilidade futura. Em ambientes críticos, a escolha de cobre puro costuma justificar o investimento.
Recomendação de uso
Com base nos fatores acima, uma recomendação geral pode ser:
- Para ambientes domésticos simples, curtos trechos (por exemplo até alguns metros), uso leve e sem PoE ou sem alta exigência de largura de banda, o cabo CCA pode “funcionar” — porém com a ressalva de que há riscos e compromissos.
- Para instalações comerciais, empresariais, onde há uso de PoE, longos trechos, alta densidade de rede ou expectativa de longo prazo, o cabo com condutor em cobre puro é preferível, já que oferece melhor margem de segurança, desempenho e durabilidade.
- Em especificações de projeto e orçamento, vale solicitar explicitamente “condutor sólido de cobre” ou “100 % cobre” (ou equivalente) e evitar genéricos que apenas mencionem “cobre” sem especificar atributos. Verificar peso da bobina, marca, certificações, ou fazer inspeção visual (por exemplo raspar o isolante e ver se aparece alumínio prata ou cobre vermelho) pode ajudar.
Conclusão
A escolha entre cabo de rede com condutor de cobre puro ou com alumínio cobreado é, em essência, uma escolha entre desempenho, confiabilidade e longevidade versus redução de custo e peso. Em muitos casos, o custo adicional do cobre se justifica pela garantia de funcionamento satisfatório, menor risco de falhas e menor necessidade de re-trabalho ao longo dos anos. Quando o projeto exige garantia de serviço, alimentação por rede (PoE) ou instalações complexas, optar por cobre puro é a decisão mais prudente.
